A Corrida da Vida

Clara corria de braços abertos e olhos fechados. Ela parecia feliz. 
Mas era tudo uma mentira. 
Clara corria de olhos fechados, porque a escuridão ao seu redor era maior do que quando ela fechava os olhos. 
Clara fechava os olhos para não ter que olhar pra ela mesma - roupas rasgadas e sujas, e sua pele estava coberta de algo sujo e escuro também (carvão? Piche? Ela não sabia). Além disso, ela tinha machucados por todo o corpo, pois vivia batendo em paredes e espinhos, já que não via nada na escuridão.
Clara abria os braços para tentar aliviar a dor nos pés que pisavam em cacos de vidro pelo chão, pois lá no fundo ela desejava poder voar e ser livre daquele mundo dolorido e escuro. 
E além de tudo, Clara ouvia risadas ao longe. Então ela ria também, para mostrar ao mundo que era feliz. Mas Clara ria com lágrimas escorrendo pelo rosto. Ela queria se livrar dos cacos de vidro, dos espinhos e da sujeira; por isso corria, e corria, e corria, mas aquele sofrimento parecia persegui-la. 
Até que um dia Clara bateu em alguma coisa, mas não era uma parede com espinhos. Então ela abriu os olhos. 
Lá estava um homem lindo. Ele tinha roupas tão brancas e limpas que pareciam brilhar, assim como seu rosto. A menina viu que tinha sujado toda a roupa branca do homem na hora em que esbarrou nele, então começou a chorar.
— Me perdoe! — Clara se sentia péssima, mal conseguia olhar para o homem à sua frente. 
Mas o homem não estava bravo com Clara, e pegou-a no colo. Nesse momento, a roupa de Clara ficou branca e inteira, como nova; e sua pele ficou limpa e livre de machucados. Então a garota olhou para o homem que a segurava: a roupa dele estava suja e a pele tinha machucados.
— Não se preocupe — sorriu ele, amoroso — vou te tirar daqui. 
O homem andou pelos cacos com Clara no colo. Então, de repente, foi como se tivessem ligado a luz. Clara viu outras crianças sofrendo como ela – perdidas, sozinhas, sujas e tentando rir. Mas em volta de Clara e do homem, tinha um campo de flores! 
— Eu te ajudei, e quero ajudar a todas elas. — o homem apontou para as crianças na escuridão — Então vá lá e conte pra elas o que eu fiz na sua vida e posso fazer na delas também. 
Clara concordou e abraçou a pessoa que ela mais amava. 
— Vou dar meu melhor! 
Clara corria de braços abertos e olhos fechados. Ela, finalmente, era feliz. 

“Eu [Jesus] disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo”.
João 16:33 

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