Todos são culpados até que se prove o contrário

A justiça brasileira não concorda comigo: "Diz o texto da Constituição Brasileira de 1988 em seu artigo 5.°, inciso LVII: 'ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória'". Mas, cá entre nós, eu não vim aqui discutir termos judiciais. Vim aqui, escrever-te sobre um grande problema: os "desvalores" que aprendemos. 

Você nasce e é aquela criança fofinha que confia em todo mundo. Sua mãe diz "não confie em estranhos". Você vai para a escola. A professora diz "não confie em todos os seus colegas, eles podem aprontar contigo". Você começa a sair. Seus amigos dizem "não confie em todos os vendedores, fique de olho nos preços e nos trocos". Pronto, você é um adulto sensato agora. Desconfie. 

Você é criança e, quando alguém te deixa triste, sempre perdoa. A mágoa não dura mais de alguns minutos. Você vira pré-adolescente e já percebe que as pessoas não mudam tanto como elas prometem. Quando é adolescente, seus amigos dizem "não acredite nisso aí! Essa pessoa não vai mudar... você vale mais que isso...". Você é adulto e não acredita mais nas pessoas. Ainda bem que você tem a cabeça no lugar agora, não é? Desacredite. 

Você se chateia com o que as pessoas dizem. Então amigos e familiares vêm te falar “você tem duas orelhas! Entra por uma e sai pela outra...”. Na escola, você vê os colegas fazendo coisas erradas e decide avisar a coordenação, mas seu amigo vai lá e diz “ei, deixa pra lá! Vão te achar X9”. Você acaba se tornando cego e insensível para as coisas erradas. Que bom! Sempre desconsidere.

Como você já deve saber, eu acredito em um mundo melhor. E também acredito que a mudança começa nas pessoas. Por que, em vez de ensinarmos as crianças a mudarem, a converterem a inocência em “esperteza”, não ensinamos a continuarem inocentes e confiantes? Por que transformar a confiança em desconfiança? A verdade em “meias verdades”? A consideração em insensibilidade? 

Acha que o mundo está ruim? Comece a mudá-lo! Cuidado: somos todos culpados até prova em contrário.



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