Diário de Viagem - Dia 62

Mal dá para acreditar que faltavam só 20 dias para a viagem acabar! O tempo passou voando, sim, mas no fundo do coração a gente sentiu que já tinham passado muitos dias: a saudade de casa, de amigos e de família começa a apertar nos momentos mais inesperados. 
O dia foi mais tranquilo, porque viver muito grudado dá nisto: estávamos todos resfriados! 
Um aprendizado/uma observação de nós cinco: a Alemanha é apaixonante por muitos motivos – os trens, a organização, o respeito, a limpeza e, no geral, a estrutura de um país desenvolvido – e acredito que muitos outros países por aí também podem ser, cada um com seus motivos: seja pelo povo, seja pelo desenvolvimento, seja pela paisagem... Mas, o que nos encantou muito muito muito e faz nossos olhos brilharem, é a segurança. Se você leu meu diário de viagem até aqui, percebeu que várias vezes saí com as minhas amigas para passear, andei de trem/ônibus, andei sozinha a pé, etc. Sabe quantas vezes faço isso no Brasil? Passear com as amigas, só em shopping; andar de ônibus, nunquinha; andar sozinha a pé, talvez duas vezes por mês, e nunca mais de um quilômetro. Meus pais me levam para todos os lugares, têm a minha localização no celular deles e eu sempre aviso onde estou ou onde vou – com os meus irmãos, funcionam as mesmas regras. Nos três meses aqui, talvez pela primeira vez desde o meu intercâmbio em 2014, senti-me segura! Pude andar para lá e para cá sem medo de assaltos ou coisa pior, pude pegar trem sozinha, pude, inclusive, andar sozinha por lugares que não conhecia e com o celular sem funcionar (leia sobre minha aventura em Freiburg no dia 50). Foi incrível, nesse tempo aqui, sentir o gostinho da liberdade e da segurança, como se eu pudesse, finalmente, sair da minha bolha segura para ter o mundo inteiro! Você pode achar meio ridículo que eu, com quase 18 anos, ainda faço tão poucas coisas sozinhas por aí; mas, quando converso com as minhas amigas de Curitiba que pegam ônibus, que vão ao mercado/médico/dentista/trabalho sozinhas, eu não faço a mínima questão de “ser independente” em um lugar tão perigoso. Para terminar, queria contar que o Jonas (12) e a Paula (9), vizinhos da tia Lu, vão e voltam sozinhos da escola e das aulas extras, de bicicleta ou patinete. E a Hadassa (10), minha prima que mora na Suíça, vai passear e fazer compras com as amigas, de trem, na cidade vizinha de onde ela mora. 
Eu amo, sim, o Brasil, e acho que temos um potencial incrível, umas paisagens lindas, um povo queridíssimo e muito mais; mas, pensando na minha futura família, daqui uns anos, eu quero que meus filhos também possam ir de bicicleta à escola, enquanto eu estou no trabalho, sem precisarem me mandar sua localização. 
Abraçosss!

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas